quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

... a outra face da moeda ...

Ondas de Solidão

Se possuísse uma canoa e um papagaio, podia considerar-me realmente como um Robinson Crusoé, desamparado na sua ilha. Há, é verdade, em roda de mim uns quatro ou cinco milhões de seres humanos. Mas, que é isso? As pessoas que nos não interessam e que se não interessam por nós, são apenas uma outra forma da paisagem, um mero arvoredo um pouco mais agitado. São, verdadeiramente como as ondas do mar, que crescem e morrem, sem que se tornem diferenciáveis uma das outras, sem que nenhuma atraia mais particularmente a nossa simpatia enquanto rola, sem que nenhuma, ao desaparecer, nos deixe uma mais especial recordação. Ora estas ondas, com o seu tumulto, não faltavam decerto em torno do rochedo de Robinson - e ele continua a ser, nos colégios e conventos, o modelo lamentável e clássico da solidão.

Eça de Queirós, in 'Correspondência'

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo:
- desculpa por ultimamente não tenho sido uma amiga presente;
- desculpa o meu egoísmo pois em ti procuro a energia e força para continuar;
- desculpa se não percebo o significado da tua mensagem.
Só quero que saibas que para mim não és outra forma de paisagem ou um mero arvoredo - eu interesso-me e sei que tu também. Adoro-te, sou a tua fã número 1.
Beijinhos Luisa