quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Greves

Apesar de esta semana ser curta, com um feriado mesmo a meio, não posso dizer que seja mais tranquila. Os comboios têm estado em greve, não apenas 1 ou 2 dias, mas toda a semana. Transportes alternativos? O que é isso? Todos os dias tenho de esperar mais de uma hora para conseguir comboio, para ir e para regressar da universidade. Frio, chuva... Hoje foi o mesmo, mais de uma hora no cais a ver passar dois comboios sem espaço para mais um, só ao 3º comboio consegui entrar, claro está, esmagando alguém.

Greve, sei que foi inventada pelos franceses, mas o que é isto? Sinal de sub desenvolvimento, algo desumano, irracional... Hoje fiquei incomodado como é que alguém pode fazer uma greve prejudicando milhares de pessoas, tratando-as de forma desumana, deixando-as sem solução, fazendo-as perder horas e mais horas. Para onde caminhamos? Que liberdade é esta? Que países desenvolvidos são estes que têm greves como formas de reivindicação?

8 comentários:

luis silva disse...

Meu querido,
O objectivo (e a força) da greve é mesmo esse - prejudicar as pessoas de modo a que obter aquilo por que se anseia.
Vai-te habituando. França não é Portugal e o ritmo e a adesão às greves é brutal em França.
Talvez não te lembres mas em 2001 os camionistas franceses pararam (literalmente) a Europa.
Abraço,

ricardo disse...

tao pouco tempo em paris e já estás a ser tao influenciado pelo sarkozi?

esse conservadorismo radical nao te fica nada bem ;)

Anónimo disse...

Como dizias ontem, há que vir aqui a cada minuto...
Os "turistas", custou-te reconhecê-los, partiram de manhã após e opíparo p. almoço na companhia dos anfitriões.
Sempre gostei de ver as cidades com olhar celestial, do Céu... É a melhos perspectiva que elas nos dão.
As greves, são para beneficiar alguns, mas colateralmente... prejudicam muitos, muitos mais, com razão ou sem ela, é outra questão a estudar caso a caso...
Fica bem e em Paz. F e S.

Anónimo disse...

Isto é apenas uma pequenina amostra do que os países ditos civilizados quando entregues a si mesmos e pensando só nos seus direitos podem fazer. Se eu estou bem, os outros que se lixem...

Anónimo disse...

Afinal... não é preciso vir aqui todos os minutos!...
Basta uma vez, quinzenalmente!Mas como não sei quando começa a quinzena... cá terei de vir amiude, para saber as notícias... e te dizer: Filipe, estamos aí contigo. F e S.

Anónimo disse...

Bem vindo à realidade
LL

André disse...

Transcrevo aqui um post que em tempos escrevi num blog. Não podia estar mais de acordo contigo caro amigo:

"A tradição sindical ainda é o que era


Na próxima 6ª feira, dia 30 de Novembro, ocorre uma greve geral promovida pelos sindicatos portugueses. Mais uma. Mais do mesmo. Acredito que assim será. Estou certo disso. E não tive de enviar agentes da autoridade a sedes sindicais para controlar a situação e a informação. Assim tem sido. Não será certamente diferente agora. A começar pelos dirigentes sindicais que são os mesmos há anos a fio. As mesmas caras, as mesmas estratégias (ou ausência delas), as mesmas reivindicações (poderia ser um sinal que o poder político continua sem dar as devidas respostas aos problemas mas tal seria uma explicação demasiado redutora, não completamente falsa, mas redutora).

É vulgar afirmar-se que o Mundo está em mudança. E está mesmo. Mudanças sempre houve ao longo da História da Humanidade, umas mais profundas do que outras, umas mais radicais do que outras, umas mais lentas, outras mais rápidas, mas os conceitos de continuidade e de ruptura fazem parte da própria essência da História. Agora os ritmos é que são mais acelerados do que nunca. Mudanças, como referi, sempre houve, mas nunca tão rápidas e a esta velocidade vertiginosa. Assim acontece com o universo laboral.

Já não faz qualquer sentido um sindicalismo com a configuração actual. Acções sindicais baseadas nas greves e não na via negocial. Deveriam evitar a todo o custo a visão maniqueísta (os patrões os maus e os trabalhadores os bons claro....) que muitas vezes inviabiliza logo de início qualquer crescimento da margem de negociação. Partem do princípio que o patronato é um bando desqualificado de exploradores das classes trabalhadores (o que em alguns casos não andará longe da verdade dos factos). Colocam-se numa posição de ter direito a tudo e mais alguma coisa mas em termos de deveres o prato da balança já não possui tanto peso, até parece que deveria ficar vazio segundo algumas opiniões...

Um sindicalista tradicionalista (parece contradição mas a esmagadora maioria é de facto tradicionalista) acredita que a tradição sindical ainda é o que era e assim deve continuar a ser. Não há verdadeiras negociações. Eles que são os maus só nos querem explorar, tramar e dificultar a vida, não vamos conseguir nada deles por isso partimos para a greve e mais nada!Poderia ser uma frase saída de uma reunião no sindicato (digo eu, embora nunca tenha participado em nenhuma...também seria difícil pois não estou sindicalizado e não me parece que venha a estar nos próximos tempos). Por isso a greve surge com facilidade e não como recurso extremo. O sentar à mesa das negociações é só uma formalidade que têm de cumprir. O barulho nas ruas, a confusão, os constrangimentos causados aos cidadãos em geral, o contributo para os baixos índices de produtividade parece ser a forma de luta de eleição. "Barulho não é argumento" diz muitas vezes o sr. primeiro-ministro no Parlamento. Tenho de reconhecer que tem razão.

Empregadores e empregados, patronato e trabalhadores, cada um tem o seu papel nos meios económico e social. Uma instituição, uma empresa só existe e só terá sucesso com uma boa articulação e o melhor entendimento possível entre as partes que compõem o todo. Se alguma peça da engrenagem falha toda a máquina pára ou funcionará de forma deficiente. Para que isso não suceda negociar deve ser o mote. Sem ruído, sem radicalismos, sem exigências desequilibradas e desajustadas das realidades contemporâneas, sem utopias desmesuradas. Com elevação, com educação, com pragmatismo, com inconformismo e espírito crítico mas também com a consciência plena do mundo actual, das suas exigências e limitações. Humanismo e Economia não devem e não podem ser inimigos. Muito pelo contrário, devem ser os melhores aliados. Há tradições que não podem continuar a ser o que têm sido. "

André disse...

Ricardo deixa de ser tão esquerdoso pá! (que expressão tão esquerdista que me saiu...)